quinta-feira, dezembro 30, 2004

É no dar...



Em casa senti-me satisfeita,
A lavoura trouxe-me serenidade
E conforto a alma,
No cansaço e na ocupação,
Senti-me refugiada,
Mas mais que tudo senti-me necessária
Talvez o meu destino,
Seja mesmo esse,
Fazer as coisas, mesmo com preguiça
E com grande sacrifício,
Sem esperar nada em troca,
Porque é no dar, que recebemos a felicidade.


quarta-feira, dezembro 29, 2004

Cântico Negro



“Vem por aqui” – dizem-me alguns com olhos doces.
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: “vem por aqui”!
(Há nos meus olhos ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali…

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre a minha Mãe.

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos…
Se ao que busco saber nenhum de vós responde,
Porque me repetis: “vem por aqui”?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí…

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós.
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos…

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátrias, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios.
Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a como um facho a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios…

Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: “ vem por aqui”!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou…
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou,
- Sei que não vou por aí!

José Régio (poemas de Deus e do Diabo)



terça-feira, dezembro 28, 2004

Arco-Íris



Eu nunca vi, um arco-íris
Só vi a chuva a cair,
E até hoje espero poder ver,
As cores coloridas no céu;
Quando o meu amor chegar,
Chuva pode cair,
Mas as cores vou ver,
Quando na minha porta bater,
Agora quando penso nisso,
Não me importo mais de ver a chuva
(Pois o meu arco-íris um dia vai aparecer…)


segunda-feira, dezembro 27, 2004

Díficil é



Difícil é tu veres
A pessoa que gostas
Na mesma situação que tu,
Triste, deprimido,
Porque alguém que ele gosta
Vê-lo como um amigo,
Assim como ele te vê a ti,
Triste é tu teres que mostrar-te forte,
Quando começas a sentir-te confusa;
Se deves ou não insistir em fazer prevalecer
Um sentimento que de nada tem de futuro
Difícil é sorrir quando ele está presente,
E fazer de conta que nada se passa,
Difícil é estar longe de dele,
E saber que não se importa com isso.
Difícil é saber que o queres presentear,
E no entanto isso não lhe interessa.
Difícil é viver nesta situação,
Sabendo que vai demorar para o esquecer.



sábado, dezembro 25, 2004

Noite Feliz



"Em Belém a meia-noite,
Noite de tanta alegria,
Nasceu Jesus num presépio
Filho da Virgem Maria. "


Deixo-vos com um pequeno excerto de um música de Natal, que simboliza o verdadeiro sentido do Natal, o nascimento do menino. Que haja espaço dentro dos vossos coração para este menino que nasceu.


Senhor,
eu vos amo,
adoro,
e espero.


Espero Senhor que tu permaneçam em nós, como espero que nós permaneçamos em vós, Senhor.

quinta-feira, dezembro 23, 2004

Esperança



Agora que descobri
Um pesadelo negro dentro de mim
Não poderei baixar os braços
Tenho que enfrentar
Este mal que destrói lentamente o meu corpo
Mal este que padeço e que muitos como eu sofrem
Não abandonemos as esperanças
Ainda temos tanto que fazer
Tantos sorrisos para receber
A vida é tão pura e bela
E só agora e que me apercebo-me
Como a tenho vivido,
Vida que pode ser arrancada
De entre as nossas mãos
Num passe de magica,
Há que lutar por mantê-la
Por guardar-la… por preserva-la…



quarta-feira, dezembro 22, 2004

Preciso da resposta



Serei eu correspondida?
Serei eu querida por ti?
Como posso saber tais respostas
Se nem a ti te dirijo estas perguntas
Como saber o que sentes?
Se não te ouso perguntar
Não vejo um único gesto
Que me indique alguma resposta
Por isso chego a conclusão
Talvez mais fácil,
Que é simplesmente um não
Porque um sim…é bem mais simples de se ver
De se sentir…por isso deixo-me
Estar aqui, no meu canto,
Onde não te pergunto o que sentes,
Pois a resposta parece clara,
Como a agua límpida de um rio.


terça-feira, dezembro 21, 2004

Abre-me a porta



Tento através dos teus olhos
Ver o mundo, ter conhecimento
Do teu universo e daquilo que realmente és,
Mas no teu olhar encerras (em ti)
Mil mistérios, mil cuidados
Dos quais não consigo desvendar
Não consigo descrever,
Porque não me deixas
Ver? Compreender? Descobrir?
Abre-me a porta,
Deixa-me entrar,
Penetrar nessa tua vida, nessa tua alma…
Não me deixes ficar deste lado…


segunda-feira, dezembro 20, 2004

Face oculta



Toda a minha aparência…
Mostra uma alegria inexistente,
Uma alegria que não desperte preocupações
Nem perguntas, ao qual não saiba responder
Encontro-me triste,
Sinto-me vazia, e sozinha
E no entanto não sei o porque.
Sinto-me como se fosse uma noite sem luar
Em que tudo fica momentaneamente silencioso
O vazio que invade, o silencio que tenho dentro de mim
Instala-se, e quero afastá-la…
Sinto o frio…que entra no meu ser, na minha alma
Talvez seja só imaginação…mas sinto-me a esmorecer
A derrota e a minha inimiga…fiel companheira
Que me atormenta, que me persegue…e que me acompanha…



domingo, dezembro 19, 2004

Cúmplices

Não é da minha autoria,mas faz parte de uma letra, que me diz muito. Vou colocar aqui um exerto da música da Mafalda Veiga, música que mais adoro.



(...)
Trocamos as palavras mais escondidas
E só a noite arranca sem doer
Seremos cúmplices o resto da vida

Ou talvez só ate amanhecer

Fica tão fácil entregar a alma
A quem nos traga um sopro do deserto
Olhar onde a distância nunca acalma
Esperando o que vier de peito aberto

Se eu fosse a tua pele
Se tu fosses o meu caminho
Se nenhum de nós se sentisse nunca sozinho
(...)

( Dedico à ti,mesmo que nunca te tenha dito,adoro-te)

sábado, dezembro 18, 2004

Sombra



Sombra, caminho e para qualquer lado que vá,
Tu me segues...me persegues
Maldita sejas...por não me deixares...
Por me mostrares sempre os meus medos
Os meus receios...maldita sejas…
Por mostrares os meus fantasmas
Que tento desesperadamente esquecer...
Tu que me segues de dia...mas principalmente a noite
Por entre as sombrias estradas...que percorro...
Porque não me deixas por uns momentos...
Porque vives constantemente na minha busca...
Serás tu minha salvação ou minha perdição...
Deixa-me por momentos...
Oh sombra da minha vida,da minha alma



quinta-feira, dezembro 16, 2004

Se precisares de mim



Se precisares de mim
É só chamar
Eu irei contigo para qualquer lugar
Se precisares de mim
Não hesites
Eu estarei aqui
Sempre pronta para te escutar
Para te confortar, para te ajudar…
Podes contar comigo
Seja para o que for
Seja em que altura do dia
Seja quando for,
Esteja onde tiver
Eu virei, mal me chames,
Mal precises, mal necessites,
Não te esqueças…
Se precisares de mim…eu estarei aqui!


terça-feira, dezembro 14, 2004

Luta



Todos dizem sim senhor
A juventude é o nosso futuro
Mas quando tentamos fazer o Bem
Realizar algum feito,
Onde esta o apoio?
Essa fachada de inter ajuda, esbate-se,
Esfuma-se, como um balão no ar
Que desaparece com o soprar do vento
Em que mãos fica o futuro da nossa noção?
Nas mãos daqueles que se sentiram marginalizados,
Que se sentiram e sentem desapontados, desmotivados e revoltados
Por se verem postos de parte, sem uma única ajuda de quer seja,
Se fazemos o mal…e porque fazemos o mal e apontam-nos o dedo,
Se fazemos o bem, somos apontados a mesma e ainda “sabotados”
Pois ouçam-me com atenção, vou gritar bem alto se for preciso
Vocês meus hipócritas, ouçam mas ouçam bem…
NÃO DESISTIREI, NÃO BAIXAREI OS BRAÇOS,
SE ISSO QUE VOCES QUEREM QUE ACONTEÇA!



segunda-feira, dezembro 13, 2004

Oração



Olho mas não Te vejo
Ouço mas não Te escuto
Senhor faz com que deixe de ser cega e surda
Neste teu mundo
Onde perdura a injustiça e a discórdia
Dai-me um novo sentir
Um novo ouvir, um novo olhar
Onde Tu…vivas na minha vida com maior clareza e convicção.


( Foto de Carla Silva)

sexta-feira, dezembro 10, 2004

Angel



Angel sou eu…
Fruto de uma caminhada
De uma construção
Sou angel por ti
Por mim…sou angel
Porque assim me chamaste
E assim quero ser…
Talvez no meu coração
Nunca venha a ser…
Nunca seja na realidade
Mas por ti…por mim
Luto por o meu lado bom
Por o meu lado angel
Angel sou eu…
Por ti…por mim…

quarta-feira, dezembro 08, 2004

Sempre que Falta a Coragem



Aquilo que aqui lês
E para ti, minha paixão
Paixão avassaladora e secreta
Adoro-te, mas não ouso dizer-te
Por isso escrevo…
Sempre que falta a coragem
De te dizer o que sinto,
É a ti que quero
Mas tenho medo…
Não quero sofrer…
E não te quero afastar
Por isso te escrevo…
E um dia talvez te direi.


( foto de Ricardo Saraiva)

terça-feira, dezembro 07, 2004

Não sei



Hoje sei tudo…amanha já não sei nada,
Não sei o que esperar, o que dizer, o que fazer…
Não sei...nem sequer o que realmente sou ou o que quero ser
Não sei…não sei afinal o que vocês vêm em mim?
O que esperam de mim?
Digam-me e eu vos tentarei também dizer
Tentarei mostrar…tentarei explicar
Aquilo que sou…ou que penso ser!!!



( foto de Ricardo Saraiva)

segunda-feira, dezembro 06, 2004

Minha Cruz És Tu



Todos temos a nossa cruz
Cruz essa de diferentes tamanhos
E sentidas de diferentes formas
A minha cruz és tu…
Pois nada posso fazer para contrariar
O rumo das coisas
Esconder o que sinto torna-se
Dia após dia, um fardo cada vez mais pesado
Que não quero dividir contigo
Não… para que por a prova aquilo que temos??
Perder o que tenho tornaria a minha cruz ainda maior…



sexta-feira, dezembro 03, 2004

Barco à deriva



Sou barco à deriva
Que anda sem maré e sem paz
Anda numa tormenta…numa tempestade sem fim
Sou barco à deriva
Guiado pelos ventos
Que sopram…com violência,
Tentando descobrir
Para onde ruma
Sou um barco à deriva
A procura de porto de abrigo
(Antes de naufragar….)



quinta-feira, dezembro 02, 2004

Finda o dia



Finda o dia…
A noite já se avizinha
Com o seu véu negro
Que propicia para a tristeza
O luto instala-se
Dentro de mim
Noite sem luar
Noite sem paz
Mas lá no fundo
Estás tu, estrela pequenina
Irradiando de energia
Tudo o que te rodeia
Também a mim…deixas contagiar
E a tristeza…se esfumar…
Estrelinha de esperança
Estrelinha de alegria!!


quarta-feira, dezembro 01, 2004

Dia mundial Luta Contra a SIDA



Tu sabes dar valor
A um pequeno gesto de amor?
Tu sabes dar valor
A uma carícia?
Tu sabes dar valor
A um simples beijo?
Pois eu perdi…muito desse "calor"
Quando por momentos fui inconsciente
Perdi-me e agora já é tarde para mudar as coisas
Muita gente engana-se quando foge de mim
Sim, é verdade, tenho sida…
Mas não é um beijo…que te mata
Não te afastes de mim…
Também sou teu irmão…
Abraça-me, acarinha-me
Não me abandones agora…
Agora que mais preciso de ti...
(Num momento de inconsciência foi onde me perdi…)